História

Da época da colonização romana, é possível apreciar a existência de uma antiga ponte, fazendo-se indicação de que São Simão, nesse tempo, deveria já apresentar-se como um núcleo populacional de certa importância.

Por alvará de 4 de Abril de 1555, segundo José Diniz da Graça Motta e Mora, na sua obra “Memória Histórica da Notável Vila de Niza”, institui-se “uma nova parochia da ermida de S. Simão, próximo da serra d’este nome”.

A população de Nisa tinha registado um significativo aumento e havia necessidade de se proceder a uma reorganização em termos administrativos. Deste modo, D. Manuel para além de criar a paróquia de São Simão, procede também à fundação das paróquias de São Matias e do Espírito Santo.

Na verdade, a paróquia da matriz, a única freguesia existente, no início do reinado de D. Manuel, tinha deixado de servir, de modo eficaz, toda a população de Nisa, e D. Manuel criando mais três paróquias, procura resolver este problema.

Não obstante, apreciemos as verdadeiras palavras, usadas pelo autor citado, para explicar a criação da paróquia de São Simão: “E como os povos d’além da Ribeira de Niza ficaram a cargo da Matriz, e os beneficiados com a obrigação do coro não podiam desempenhar bem os deveres parochiaes, e era além d’isto muito gravoso aos parochianos ter a séde da freguesia tão distante de seus lares, que alguns ficavam a duas grandes leguas d’esta villa por caminhos quasi inaccessiveis e perigosos, institui-se uma nova parochia na ermida de S. Simão, próximo da serra d’este nome, por alavará de 4 de Abril de 1555, a que elles ficaram pertencendo.”

A Igreja de São Simão, edificada num lugar ermo e desabitado, “nos princípios da monarchia para uso dos habitantes d’aqueles povos, que a cercam, que ali concorriam nos dias santificados a ouvir missa. Na provisão de 2 de Abril de 1555, mandando o bispo D. Julião d’Alva instituir n’ella provisoriamente uma freguesia, diz que é preciso, primeiro, reedifica-la, porque por sua muito antiguidade estava quasi demolida: foi na verdade reedificada, e depois acsrescentada fazendo-lhe dois altares laterais, um dedicado à Virgem do Rosário, e outro a Santo António, e nélla se estabeleceu definitivamente a parochia, que tomou o seu nome a ainda o conserva; Mas pelos anos de 1811, sendo demolida pelas tropas da guerra Peninsular, teve a freguezia de se mudar para a capella da Senhora do Rosário do Monte do é da Serra, onde continua, ficando a egreja servindo para cemitério, onde os parochianos são sepultados; e assim acabou esta egreja, que tantas gerações tinham frequentado e concorrido.”

A antiga freguesia de São Simão de Pé da Serra foi vigairaria da Ordem de Cristo no termo de Nisa, à semelhança de outras freguesias do seu concelho. Graças à iniciativa do monarca D. Dinis, que não esquecendo o seu extraordinário papel levado a cabo no âmbito do processo da reconquista, a primitiva Ordem dos Templários, depois da contenda em torno da possibilidade de ter que ser extinta, continuou a existir em Portugal, embora com o nome da Ordem de Cristo e os seus bens não lhe foram confiscados. Foi-lhe, desse modo, permitido dar continuidade ao exercício de formação cultural das suas gentes, cujas terras estavam sob a sua tutela, como é o caso de São Simão.

Segundo Pinho Leal, “O rei, pelo tribunal da mesa de consciência e ordens, apresentava o vigário, que tinha 120 alqueires de trigo, 120 de cevada, e 12$000 reis em dinheiro, de rendimento annual.”

Em 1768, tinha 111 fogos, aparecendo na comarca de Castelo Branco, em 1839, e na comarca de Nisa, em 1862.

Américo Costa no seu Dicionário Corográfico compunha-a dos seguintes lugares: Arneiro, Atalho, Corga, Duque, Feteira, Monte Cimeiro, Monte do Arneiro, Monte Novo, Pardo, Porto do Fojo, Póvoa e Vinagra. A Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira apresenta-a como compreendendo os lugares de: Arneira, Duque, Monte Cimeiro e Monte do Pardo, Pé da Serra e Vinagra.

A freguesia de São Simão, na “Memória Histórica da Notável Vila de Nisa”, aparece ainda descrita como possuindo a capela de Santa Ana, fundada por Manuel Lopes, e seu filho, o padre Domingos Lopes, no ano de 1772. Tinha um cemitério contíguo, construído por volta de meados do século XIX.

Uma outra capela, de grande devoção e concorrência para os povos da freguesia de São Simão, era a do Arcanjo São Miguel, edificada no cume da serra que lhe dera o nome. Nessa capela era realizado um arraial, no dia 8 de Maio.

Ao que parece, a dita capela era antiquíssima e, no ano de 1572, por se achar em tão evidente estado de pobreza, frei Adão Vaz doou-lhe por sua morte uma grande courela de safra na folha da Pedra da Cera, para com o seu rendimento, se fazer a sua conservação e restauro, ficando a administração a cargo do vigário da matriz.